Mulher imensamente digna de ser amada, três vezes feliz, «bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre» (Lc 1, 42). Filha do rei David e Mãe de Deus, Rei do universo, obra-prima com que o Criador Se regozija […], tu serás o apogeu da natureza. Porque a tua vida não será para ti, não foi para ti que nasceste, mas a tua vida será para Deus. Vieste ao mundo para Ele, servirás para a salvação de todos os homens, cumprindo o destino por Deus fixado desde todo o sempre: a encarnação do Verbo, sua Palavra, e a nossa divinização. Tudo o que desejas é alimentar-te das palavras de Deus, fortificar-te com a sua seiva como «oliveira verdejante na casa do Senhor» Sl 51,10), «como a árvore plantada à beira das correntes» (Sl 1,2), tu, a «árvore da vida» (Gn 2,9) que «produz frutos doze vezes, um em cada mês» (Ap 22,2). […]
O que é infinito, sem limites, veio morar no teu seio; Deus, o Menino Jesus, alimentou-Se do teu leite. Tu és a porta de Deus sempre virginal; as tuas mãos seguram o teu Deus; os teus joelhos são um trono mais elevado do que os querubins. […] Tu és a câmara nupcial do Espírito, «um rio! Os seus canais alegram a cidade de Deus», isto é, a torrente dos dons do Espírito. Tu «és formosa, a bem amada» de Deus (Ct 4,7).
[(São João Damasceno (c. 675-749), monge, teólogo, doutor da Igreja - Homilia sobre a Natividade da Virgem, § 9; SC 80 in http://evangelhoquotidiano.org/main.phpanguage=PT&module=commentary&localdate=20140325]